outubro 3, 2012 por Leandro
A ideia da dor já perambula tranquila pela nossa cabeça, mas o coração se assusta toda vez que a encontra. A gente se sente seguro e, de repente, num solavanco da vida, tudo desaba. E tudo que nos resta são os destroços. Levamos dias, meses, anos para construir e, em segundos, se resume a ruínas. E o medo de começar de novo? De tentar encher novamente o copo que ainda guarda o gosto amargo do que se foi e não é mais? E esse íntimo desejo de voltar a ser criança e não mais crescer, não ter que enfrentar as duras dores de gente grande? Acaba que nunca deixamos de ser crianças. A idade e a altura gostam de se mostrar maiores, mas o coração, ah, esse não engana, sempre desejoso do refúgio seguro de um regaço terno. E as ruínas nos assustam, abafam em nós a faísca esperançosa do ‘começar de novo’. Mas eu aprendi… aprendi a duras dores. Eis a receita infalível: umas boas lágrimas salgadas, duas doses de solidão (ou companhia, como preferir) e uma boa música. Ah, e o essencial, olhar pra frente. Sabe, eu às vezes, quase sempre diga-se de passagem, tenho que virar as costas pra essas ruínas. Fingir que as esqueci. Fingir que não existem. Não, elas nunca deixam de existir, estarão sempre lá, mas já não terão grande significado. Ali estará erigida sua, minha histórias. Pra isso as ruínas servem, pra ser pontos turísticos do nosso coração, onde jaz a carcaça podre de uma história que abalou, mas não fez cair por completo. Pode ter criado algumas rachaduras, mas apenas isso. Ao olhar no caminho percebo quantos destroços deixei para trás, e posso sentir que ainda deixarei muitos, mas isso não me desanima. Não é que eu goste deles, só que quero mostrar para alguns transeuntes que as ruínas fazem um bom construtor.
-lmc