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Archive for março \21\+00:00 2012

Quando se está no escuro, seja por vontade própria ou por vontade própria, tudo de que se necessita é luz. Aquela Luz brincalhona, cúmplice e que por um bom tempo, creio eu que todo o tempo, foi a grande testemunha de nossos erros. Nunca se sabe o real valor de qualquer coisa quando não a tem, é aí que está encerrada a beleza. A beleza do não ter, ou melhor, do perder. Muitas vezes na nossa vida somos surpreendidos pela escuridão da gruta fria. Ali não adianta esbravejar aos ventos ou bater nas inocentes porém atentas paredes. Aquietando-se, é possível perceber a beleza. Sabe aquelas rachaduras por muitos consideradas perigosas, pois podem condenar toda a estrutura e levá-la ao chão? Aquelas pequeninas fendas que passam despercebidas pelos curiosos apressados? Elas matam a sede de Luz. A nossa sede de Luz.  Vejam bem, não é o ‘ser maciço’ que nos salva, mas nossas rachaduras. As essenciais amigas que, evidenciadas, parecem grosseiros defeitos mas só na escuridão interior se mostram a ÚNICA fonte. Brotam de seu meio distorcido e de suas feias pontas os raios da Luz que tanto precisamos. E assim a Luz continua procurando, centímetro por centímetro, palavra por palavra, coração por coração as rachaduras que permitem a sua passagem. E percebam, quanto maior a rachadura, de mais Luz nos fartamos. Porém, cuidado, certas rachaduras só servem pra nos derrubar. Portanto, não devemos nunca ter medo de sermos marcados por essas singelas aberturas, se assim me permitem. Cúmplices amigas que fazem dos mergulhados na escuridão salpicados pela Luz que tanto necessitam.

 

-lmc

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Esboço

Ele era penas um menininho. Um pequenino qualquer entre tantos outros. Ele que gostava de andar descalço na chuva e de pipas amarelas. De correr atrás do ônibus e de dar cambalhotas na cama. De sorvete de morango e de desenhar. Do cheiro da terra na chuva e de brigadeiro. De sonhos e dos formatos das nuvens. Tinha um tênis velho que tanto amava, mas que sua mãe não gostava. Tinha em uma caixinha velha de sapatos onde escondia osenvelopes que guardariam as cartas que um dia enviaria. Tinha medo do escuro e um certo receio com robôs. Gostava de sorrir, e sabia decorar os sorrisos alheios. Tinha um cachorro, que morreu de velhice e de fidelidade. Gostava de cappuccino, com muito açúcar, por favor. Ele tinha um sonho de ser diferente, não apenas mais um pedacinho de vida que passou pisando pelas flores desse longo caminho. Conhecia os super-heróis e suas personalidades secretas. Conhecia as tantas Kryptonitas dos tantos Super-Homens que conheceu. E claro, a sua própria. Ele tinha medo do escuro, de solidão e de cobras. Queria mudar o mundo, mas não conseguiu sequer mudar sua cama de lugar. Um belo dia, ou não, tanto faz, esse rapazinho cresceu! Perdeu a elasticidade e, com isso, as cambalhotas. Também perdeu o tênis velho, que já não mais cabia em seus pés. Perdeu quase todos os seus tesouros de criança, mas não perdeu a fé. Essa mesma fé que o fez dormir no escuro, mesmo tendo medo. Essa fé que o fez sozinho às vezes, mesmo tendo aversão à isso. Essa fé que o fez afastar as tantas Kryptonitas do seu mundo heróico. Essa fé que o fez, inclusive, tomar alguns cappuccinos sem açúcar para o agrado de quem o oferecia. Essa fé que o fez isso que sou. E no que serei. Atenção amigo, não perca seus mais valiosos tesouros, esconda-os onde somente você puder encontrar. Mas, principalmente, não perca a fé, essa que te leva do alto dos sapatos engraxados do emprego famigerado que tens ao singelo quintal de casa, testemunha de tantas aventuras sorrateiras. Todo grande homem tem em si um menininho com medos e vícios, traquinagens e sonhos. Tenho saudades de quando minha preocupação era se não veria mais uma nuvem em forma de carneiro, ou bode, ou seja lá o que for… Eu e meus amigos víamos nuvens de coração, hoje eles vêem chuva. E cá estou eu, procurando entre a chuva o coração que vaza.

-lmc

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Vencedor marcado

Sim, sempre tive medo das passadas erradas, dos feios tombos de rasgar a alma, dos tropeços que ralam o coração. E assim foi. Fui analisando meu caminho, esse e tantos outros. Não sei como sobrevivi, mas cheguei até aqui. Com as roupas manchadas do sangue que foram testemunha desses tantos tombos e as feridas – silenciosas observadoras da minha dor-, que estavam sempre presentes. No decorrer foram ficando minhas marcas: umas tantas lágrimas silenciosas, pequeninos passos azuis de fé e no ar fica suspenso meu pedido de ajuda. Realmente pensei que nunca conseguiria, mas cheguei, mesmo sangrando e em dores, mas de pé. E realmente, essas são nossas medalhas de vitória. Tive, sim, que aguentar uma ou duas escuridões para chegar à Luz. E afinal, de que vale o caminho se não nos leva ao destino? Por mais doloroso que seja, o importante é chegar! Sempre chegar. E afinal, é bom marcar nossa alma com esses sinais de queda, provações e tropeços, pois seremos identificados como ‘os que caíram, mas venceram’. Eu venci? Não porque não terminei, mas sim porque lutei. O ato de lutar é a maior vitória, porque aquele que desiste de lutar é um eterno perdedor, que fracassou no ofício de levantar-se. Duras pedras não fazem do rio mais feio. E também, esses olhinhos só vão ter o prazer de brilhar quando tiverem chorado um pouco. CORAGEM, repito, coragem! Prefiro ser um vencedor marcado do que um perdedor sem dor!

-lmc

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Nem sei como começar, haha, já comecei sem saber como. Foi sempre assim, eu nunca soube começar, sempre comecei mal. Ou o mal me começou, tanto faz. Onde estás? Ouvi dizer desse tal Rei que faz prodígios e maravilhas, mas que também ama. Preciso disso. Mas onde estás que não mais o vejo? Nas Igrejas? Ali estás? Outro dia fui visitar-Te em uma e fui expulso como um animal sarnento, como se tivesse peste. E realmente tenho. A peste do coração. Sabe meu Rei, não quero mais essas feridas velhas, que insistem em arder, coçar e sangrar. Não quero mais, quero o novo, que uma tal lá da Samaria me disse que o senhor tem. Vejo os poços de Jacó cheios, as portas dos templos lotadas de cegos e ninguém que os ouça, e os cure. Rei, onde estão aqueles que deixaste? Foram esses que me expulsaram da sua própria casa? Da minha própria casa? Eu quero sim te seguir, mas não quero esses chicotes que os seus insistem em carregar para expulsar os pobres e doentes como eu. Quero comer da tua mesa. Quero sentir teu abraço. Quero poder olhar nos teus olhos simples e me apaixonar pelo teu amor. Rei, se ainda me lês, me carrega pelos braços. Tenho medo. Tenho frio. Tenho milhões e me julgar e, tantas vezes, me matar. Só não tenho a mão que me levante, o sorriso que me cure e os olhos que me apaixonem. Será que me deixar aproximar de ti?

– inspirado em maltrapilho;

 

-lmc

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Esbarrar…

Deus tem dessas coisas, a gente está andando pela vida e esbarra em coisas bonitas, pedaços singelos de Céu. Mas como flores, têm esse achado seus espinhos, como a ferida que fica pelo esbarrar. Valeu a pena me machucar para poder contemplar esse belo. Vale a pena. Às vezes me dá uma certa dó de quem perde as belezas do caminho pelo medo de se esbarrar: corre para chegar logo no fim, e desvia de tudo e todos, perdendo a beleza mágica do encontrar-se e do encontrar. Não devo ter medo de, de vez em sempre, dar ‘de cara’ com uma belezura que o Caminho pode me oferecer. Então já era, vamos que vamos… Muito nos espera, e o tempo, bom… ele não nos espera.

 

-lmc

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